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Por Jarson Brenner

Acho muito engraçado alguém se declarar pentecostal, e ainda por cima tendo berço assembleiano, escrever um artigo falando MAL de certas manifestações do Espírito Santo, a saber, "cair no Espírito" e "rir no Espírito".

Longe de mim de revirar as tais “bases bíblicas” do fenômeno, quero mostrar apenas a disparidade que é um pentecostal criticar isso, à luz da história apenas.

Se fosse falando mal do fenômeno do “dente de ouro”, ou da “Teologia da Prosperidade” e seus escândalos, ou dos neo-pentecostais e suas invenções, ou do G12 e seus desdobramentos heréticos, daí sim. Até poderia deixar passar.

Mas ouvir pentecostais históricos falando mal do "rir no Espírito" e "cair no Espírito", denunciando isso em artigos ou mesmo nos púlpitos, me parece - no mínimo - uma tremenda falta de memória histórica.

Quem já leu o livro: A História do Avivamento Azusa, de Frank Bartleman, sabe que esse autor foi testemunha ocular dos primeiros dias do avivamento pentecostal, que teve W. J. Seymour (foto ao lado) como líder. Ou seja, o mesmo evento do qual Gunnar Vingren e Daniel Berg são, por assim dizer, herdeiros espirituais.

Pois bem, nesse referido livro há passagens interessantes que todo pentecostal brasileiro DEVERIA conhecer, pois são suas origens históricas, ainda que em diversos artigos e textos os pentecostais atuais denunciem certas práticas cotidianas dos primeiros pentecostais, como bem praticam certas coisas abominadas pelos pioneiros.

Uma reportagem da época critica o que estava acontecendo em Azusa, pois bem, essa crítica nos fornece um retrato fidedigno de como eram os cultos naqueles primeiros cultos pentecostais em 1906, leiamos:

“(…) vergonhosa mistura de raças (…) eles clamavam e faziam grande barulho o dia inteiro e à noite adentro. Corriam, pulava, tremiam todo o corpo, e gritavam com toda a sua voz, faziam rodas, tomavam sobre o assoalho coberto de serragem, sacudindo-se, esperneando e rolando no chão (…) Eles afirmam estar cheios do Espírito. Ele têm um caolo, analfabeto e negro como seu pregador que fica de joelho a maior parte do tempo (…) Não fala muito, mas às vezes, pode ser ouvido gritando ‘Arrependei-vos!’. Então, permanece na mesma atitude de oração (…) Eles cantam repetidamente a mesma canção, "O Consolador Chegou”.

"Azusa History". International Center for Spiritual Renewal. http://www.icfsr.org/history.html. Retrieved on 2007-05-17.
Olha só quantas manifestações aconteciam em Azusa… boa parte disso é criticada pelos pentecostais da atualidade. Isso é uma falta de memória histórica e um contra-senso incrível.

Antes de irem para o templo na rua Azusa, quando ainda congregavam na casa do casal Richard and Ruth Asberry,Rua Bonnie Brae, 214, existe um relato do que acontecia lá, que transcrevo abaixo:

Uma testemunha ocular, Emma Cotton, mais tarde relembrou aquelas experiências: eles clamaram durante três dias e três noites. As pessoas vinham de todas as partes. Perto da manhã seguinte, não havia como entrar na casa. Conta-se que algumas pessoas que conseguiam entrar em casa caiam sob o poder de Deus sem que houvesse alguém que as sugestionasse a isso, e toda a cidade ficou agitada. Clamaram ali até o chão da casa ceder, mas ninguém ficou ferido. Durante aqueles três dias, muitas pessoas que tinham vindo só para ver o que estava a acontecer receberam o baptismo no Espírito Santo. Os doentes ficaram curados e muitos aceitavam Jesus ao entrarem na casa.

(Synan, Vinson (2001), The Century of the Holy Spirit: 100 years of Pentecostal and Charismatic Renewal, 1901-2001, Thomas Nelson Publishers, pp. 42–45, ISBN 0-7852-4550-2)
No livro Diário do Pioneiro, de Gunnar Vingren o mesmo relata diversas manifestações do Espírito, a saber:

Página 26: "O Espírito Santo veio de maneira poderosa, como pressão... Caímos no chão...clamávamos com voz elevada...'
Página 27: "Um irmão foi arrebatado em espírito'
Página 63: "Riam debaixo do poder"
Página 67: "Na casa da irmã Celina, começamos todos a rir";
Página 72: " 1915, duas meninas tomadas pelo Poder de Deus riam tanto que tive medo delas não aguentarem";
Página 73 "eu ri tanto debaixo do poder de Senhor, que quase perdi as forças..."
Página 75: "Enquanto eu estava orando...um homem foi levantado bem alto do chão..."
Página 77: "...o Poder de Deus veio sobre Vingren
tão poderosamente que ele teve que se sentar um pouco para rir, e depois continuar a pregação"
Página 78: "O poder de Deus veio sobre mim... Eu nem podia me levantar...";
Página 79: "eu tive de rir sob o Poder de Deus e depois chorar muito..."
Página 80: "cantamos no Espírito...";
Página 84: " A unção de Deus caiu tão forte que muitos irmãos ficaram tremendo debaixo do poder de Deus';
Página 86: "eu tive que me deitar no chão...";
Página 88: "Saltei e pulei sob o Poder de Deus...";
Página 95: "Tive de deitar um pouco no sofá, pois o Poder de Deus estava muito forte sobre mim"
Página 95: "vários irmãos foram lançados no chão pelo Poder de Deus"
Página 97 "Havia profecias e interpretação"
Página 131 "Uma moça não crente, sentiu o Poder de Deus, caiu de costas no chão clamando perdão a Deus, Jesus a Batizou com o Espírito Santo e ela falou e cantou em línguas".
Página 199 "Uma irmã começou a falar em novas línguas enquanto outros louvavam e riam muito debaixo do poder de Deus.

Nesses relatos vemos eventos como: Rir no Espírito, Cair, tremer, FLUTUAR, gemer, cantar e falar em línguas.

Tudo isso está profundamente ligado ao início do movimento pentecostal. Em diferentes escalas, todas essas manifestações aconteceram nos mais diferentes avivamentos que houveram no século XX, i.e., tanto no Pentecostalismo de Primeira Onda, quanto no Pentecostalismo - Carismático (Segunda Onda), quanto no Movimento da Vinha(A Terceira Onda).

Especialmente no Movimento da Vinha, vimos na Igreja do Aeroporto de Toronto, o ressurgimento em larga escala do rir no Espírito, coisa que já havia cessado nas mais diversas comunidades pentecostais.

O que aconteceu então? Os pentecostais que já haviam esfriado o calor inicial do movimento estão agora criticando o rir no Espírito, talvez por ignorância de que isso surgiu com eles. É como se um pai estivesse criticando um filho por este usar determinada palavra que o próprio pai lhe ensinou.

Conclusão: Acho ironicamente absurdo os pentecostais da atualidade criticarem tais manifestações espirituais que ocorrem em seu meio. É uma falta de memória histórica absurda. E tenho dito.

Jarson Brenner, um peregrino apenas.

Links, que aconselho, para aprofundamento sobre esse tema:

Em português:

http://www.sabetudo.net/ccb/ExplosaoDeDenominacao1.htm

http://www.assembleiadedeusjuazeiro.com.br/ler.asp?id=484

http://www.avivamentoextravagante.com.br/Artigo_CaindonaUncaodoEspSAnto.htm

Trechos do Diário do Pioneiro, de Gunnar Vingren, escrito por Ivar Vingren: http://www.assembleiadedeusjuazeiro.com.br/ler.asp?id=484

http://liberdadenoespirito.blogspot.com/2007/03/william-seymour-e-rua-azusa.html

Em inglês (recomendo muito):

http://www.icfsr.org/history.html

http://en.wikipedia.org/wiki/Azusa_Street

http://en.wikipedia.org/wiki/Pentecostalism

Fonte: Blog Confissões

Por Amenidades da Cristandade

Respeite os direitos autorais! Ao reproduzir este texto, cite as fontes, inclusive as intermediárias!

3 comentários

JB disse... @ 6 de março de 2009 às 16:43

Amenidades... Obrigado por postar aqui meu texto.

Sempre acompanho suas postagens.

Deus abençõe.

Unknown disse... @ 7 de março de 2009 às 01:51

oq importa e a biblia avivamento de suzan ou os suecos nao tao na biblia, nao sao verdades absolutas

crenatos disse... @ 18 de março de 2009 às 02:08

Querido, Jarson
Foi muito bem colocado. Exame feito em bases históricas (e conteporânea), porque Baseados na Bíblia e a historia da Igreja primitiva, não dá.
Concordo que é estranho, um confesso pentecostal, criticar algo que sabemos faz parte do meio. Mas sabemos porque, não é verdade?

http://crenatos.blogspot.com

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