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Stephanie mostra a foto do cabelo comprido que mantinha antes do acidente (Foto: Carolina Iskandarian)

Stephanie, de 9 anos, teve afundamento de crânio, mas deixou hospital.
Desabamento de templo em SP deixou 9 mortos e mais de cem feridos.

Carolina Iskandarian

O cabelo curtinho não é a única novidade na vida da jovem Stephanie de Sá, de 9 anos. Ela tenta agora se adaptar à nova rotina depois do desabamento da Igreja Renascer. A menina foi uma das sobreviventes da tragédia que deixou nove mortos e mais de cem feridos, no dia 18 deste mês, na Zona Sul de São Paulo. Stephanie, que teve alta do hospital no domingo (25), estava no templo quando o teto caiu de uma vez.

“Senti uma pedra na minha cabeça. Doía muito e saía sangue”, contou a menina, que recebeu o G1 em sua casa, na terça-feira (27), no Cambuci, o mesmo bairro onde ficava a igreja, sede mundial da Renascer. Stephanie teve afundamento de crânio, ficou em coma induzido e respirou com a ajuda de aparelhos até a quarta-feira (21), quando foi para a enfermaria do Hospital São Paulo, na Zona Sul.

Por causa da cirurgia na cabeça, as madeixas na altura da cintura tiveram de ser cortadas e deixaram na garotinha de sardas no rosto um visual ainda mais angelical. Questionada se gostou da mudança, Stephanie, que ainda tem pontos na parte de trás da cabeça, faz uma careta. Mesmo se dizendo “cansada” e sofrendo com dores de cabeça, ela lembra o momento exato do desabamento.

“O culto tinha terminado e aí o teto caiu de uma vez. Tinha muita poeira nos meus olhos e, quando olhei para trás, vi que minha avó e minha prima estavam com o pé preso [nos escombros]”. Stephanie relatou que ouviu um barulho, como “um estouro” momentos antes do desabamento.

No meio de tanta gente soterrada, Stephanie disse que ficou em pé a todo o instante, mesmo quando foi atingida pela pedra. E ainda teve forças para pedir ajuda. “Eu gritei: ‘me ajuda! Ajuda a tirar a minha avó e a minha prima’. Chorei porque estava desesperada”, lembrou ela, que se sentou na lateral direita do templo, junto a uma das saídas, com as duas parentes.

Susto

Para a mãe da menina, a auxiliar de dentista Leonilda de Sá, de 41 anos, a menina está viva graças “à mão de Deus”. “Isso não existe, não se explica”, comentou ela sobre a rápida recuperação da criança. No dia do culto, Leonilda tinha ficado em casa e soube da notícia do desabamento por meio do marido, que é taxista e ouviu a conversa de passageiros.

A cena no local da tragédia está fresca na memória. “Você não imagina tudo aquilo. Só tinham as paredes laterais [em pé]. Fiquei em pânico”, contou. Segundo Leonilda, a mãe dela e avó de Stephanie, “sempre senta no mesmo lugar”, o que deixou a certeza de terem sido machucadas. “Comecei a varrer os hospitais à procura delas”.

A mulher, de 77 anos, teve ferimentos nos braços e nas costas e já está em casa. “Ela tentou nos abraçar, mas sou mais alta do que ela”, disse a garota, que tira os pontos no fim de semana e ainda não pode ir à escola. A família de Leonilda frequentava o templo da Renascer havia pelo menos 15 anos e não quer mudar a rotina.

“A igreja nos deu toda a assistência”, contou a evangélica, que mostra nas radiografias da filha o estrago feito pela pedra. “Ficou um pedaço dentro e outro fora da cabeça”. O objeto foi retirado no Hospital Ipiranga, na Zona Sul, onde foi feito o primeiro atendimento. Em seguida, a paciente foi levada ao Hospital São Paulo.

“Ela teve hemorragia e tomou [sic] duas bolsas de sangue. O osso afundou e partiu em vários pedaços”, relembra Leonilda, abraçada a Stephanie, que pede colo e parece sonolenta. Hora de a família descansar também. “Quando eu estava no hospital, nem dormi. Mas nessas horas, a gente não tem sono, não tem fome”.

Apesar de ter informado na segunda-feira (26) que Stephanie havia saído do hospital no domingo, a assessoria de imprensa do Hospital São Paulo retificou a informação no mesmo dia, afirmando que a menina continuava internada. Na terça- feira (27), o hospital informou que Stephanie teve alta na segunda. Nesta quarta-feira (28), a instituição confirmou que a data da alta foi domingo, como informado pela família.

Fonte: G1

Por Amenidades da Cristandade

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