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No início do mês, o site Na Frequência divulgou uma entrevista com o pastor Ariovaldo Ramos (para vê-la na íntegra clique aqui). Entre os temas, Ariovaldo falou sobre o movimento liderado por Caio Fábio intitulado "Caminho da Graça", ao qual ele fez algumas críticas. Caio Fábio respondeu e rebateu às colocações de Ariovaldo. Confira neste post este debate.

Veja o trecho da entrevista onde Ariovaldo fala sobre Caio Fábio e o Caminho da Graça:

Veja a resposta de Caio Fábio divulgada em seu site oficial:

OS SANTOS TEMORES DO ARIOVALDO SOBRE O “CAMINHO DA GRAÇA” E SOBRE MIM - Caio

Desde antes de ontem algumas pessoas estão me perguntando se vi a entrevista que meu amigo de tantos anos, Ariovaldo Ramos, deu ao site NAFREQUENCIA.

Não tinha visto até hoje cedo!

Conheci o Ariovaldo em 1984, quando ele trabalhava no escritório dos “Jovens da Verdade” em São Paulo.

Convidei-o para ir morar no Rio trabalhando comigo na Vinde. Ele foi e sua primeira filha, Mirna, nasceu lá.

Depois, por razões íntimas ele ficou um tempo trabalhando com consultoria. Mais alguns anos e o convidei para voltar a trabalhar comigo na Vinde. Ele retornou, e, dessa vez, passou períodos difíceis lá, pois, eu estava debaixo de todas pressões políticas, da mídia e das autoridades enciumadas que se possa conceber.

O Ari me conhece. Eu conheço o Ari.

O que eu lamento mesmo é a desinformação dele manifesta na entrevista.

1º Porque o que ele questiona está respondido no site há anos. O Ari precisa ler melhor meu site e o que penso antes de opinar preocupado acerca do que para mim é ÓBVIO. Na seqüência, não nafreqüência, ele poderá ver como poderia ter deixado de dizer muita coisa que disse com honesta, porém alienada preocupação a meu respeito. Por isto, nem mesmo responderei ao que ele disse, apenas me dou ao trabalho de transcrever os “conteúdos”, não os processos [nunca trabalhei em “processos”, mas em conteúdos] que estão no site; e apenas alguns textos muito explícitos, embora o site esteja cheio das mesmas coisas.

2º Porque não estou de fora... Estou fora do circo, mas os que me escrevem são todos, ou, na maioria, pessoas de dentro... Assim, é de fora do circo que estou ajudando milhares e até milhões a saírem em paz ou a ficarem em paz. Se eu estivesse fora, pergunto: Por que então sou o tema predileto dos de dentro? Não será por que de fora atinjo muito mais os de dentro do que ficando dentro apenas para desacelerar o processo de libertação de muitos?

3º Porque nas nossas conversas o Ari concorda comigo em tudo; e se discorda não me diz.

Meu amor pelo Ari não é de palavras, mas de fatos e feito de resoluções.

Em minha opinião o que sustenta o Ari, não na instituição [conversa tola essa!], mas no “processo” institucional perverso, ou, como ele chamou de “processo pesado” [em contra partida a algo “leve” que eu supostamente esteja criando] — é o medo sóbrio que o possui desde sempre.

Ele é um homem de Deus!

Já botei minha cara em favor dele em muitas circunstancias e nunca fugirei disso enquanto ele for como ele sempre foi: um homem bom.

Quanto à preocupação dele com o fato do “Caminho da Graça” estar sendo “construído à minha volta”, digo:

1º Não é fato no dia a dia. Não conheço sequer 5% dos grupos do “Caminho da Graça”. O “Caminho da Graça”, nos “processos”, gira em torno dos meus amigos ou mais jovens ou mais dispostos do que eu [que ando muito cansado mesmo], como o Marcelo Quintela, o Bragantim, o Adailton, o Chico, entre outros. Ao contrario do que o Ari pensa apenas me dedico a produzir conteúdos, não para o “Caminho da Graça”, mas para todos. Prova disso é a entrevista do Ari, que não foi sobre o “Caminho da Graça”, mas sobre o que está acontecendo nas “igrejas” em razão do site e do “Caminho da Graça”. Ou seja: “O Caminho da Graça” são os gentios dos “evangélicos”. Nesse caso meu texto é Romanos 9 e 10. De fora, como Paulo, provoco os de dentro a saírem para o Evangelho. Não há geografias envolvidas, mas decisões interiores apenas.

2º Não é fato histórico, mas apenas existencial. Ou seja: os grupos do “Caminho da Graça” vão surgindo em razão do meu site, mas, a partir daí, andam sob a orientação de outros, posto que o meu chamado seja para fora; e, para mim, “O Caminho da Graça” ainda é, na forma dos grupos, um chamado para dentro.

Quanto a brincar que não está no “Caminho da Graça”, mas sim na Graça do Caminho, digo: mano, brincou tarde e atrasadamente, à semelhança das preocupações acerca do que disse sem saber, pois, quem fala disso sem brincar, sou eu, e faz tempo, advertindo a todos [está gravado e datado no site faz tempo]; afirmando que o “Caminho da Graça” é uma circunstancia histórica apenas, mas que a Graça do Caminho é a nossa vida e esperança para sempre.

Aqui não rebato meu amigo. Mas como ele disse coisas como amigo sem como amigo me ler ou consultar, digo ao meu amigo:

Mano, chegue mais perto. Não há contagio. Não pega. Afinal, se pegasse por tempo e amizade, você já estaria dentro a fim de poder ajudar os que estando “dentro”, estejam fora da leveza graciosa do andar da fé.

Assim, peço ao meu mano Ari que leia o que segue. Será útil para uma próxima entrevista. Rsrsrs.

Entre gente adulta em Cristo não pode haver ressentimentos.

Portanto, assim como o alienado em relação a mim e em relação à realidades das coisas, dos fatos e da história, parece ser meu amigo Ari — peço então a ele que me suporte quando apenas digo de novo o que já está dito por mim antes do Ari me sugerir preocupações que, em mim, sempre existiram; e se ele tem memória, lembra muito bem.

Assim como deixo tudo o que você disse, meu amado Ari, no plano das idéias, no Senhor espero que você proceda do mesmo modo.

Afinal, comunhão dos santos não é média, é verdade em amor e graça; e mais: é encontro em torno de Jesus e de Jesus apenas. E, segundo me consta, nesse caso, a única instituição é aquela feita de dois ou três, que sinceramente se reúnam em Nome de Jesus.

O mais, você, meu mano Ari, sabe que não é verdade.

Aqui vão apenas Quatro textos específicos sobre o tema, os quais estão no site faz tempo.

Um beijão carinhoso no Ari e em todos os amigos que de tão amigos já nem sabem o que eu digo, ou já nem mais lembram o que sempre ensinei desde sempre, e sempre diante deles.

Boa Leitura!

Caio

20 de março de 2009

Lago Norte

Brasília

DF
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Extraído da entrevista que o Ariovaldo deu ao pessoal do site NAFREQUENCIA.

Entrevistador: Ariovaldo, qual a sua relação com o Caio e o que você acha sobre o Caminho da Graça?

Ariovaldo: Bom, Caio é meu amigo, gosto dele de paixão, amo o Caio, Caio é um cara extraordinário, tenho por ele o maior respeito, o maior apreço, agora...
Acho que ele SÓ está mudando os nomes.
Ele me perdoe, mas é o que eu acho. Só está mudando o nome.
Uma ordem institucional pode ser leve ou pode ser pesada. Eu acho que ele (o Caio) está tentando construir uma coisa leve. E eu torço por ele. (pela construção do mais-do-mesmo leve)
Porque que eu não estou no Caminho da Graça? (Mesmo que ninguém tenha perguntado isto)
Bom, primeiro porque eu prefiro ficar na Graça do Caminho. Eu sempre faço essa brincadeira em relação ao Caminho da Graça, dizendo que antes de qualquer coisa nós estamos na Graça do Caminho.
Eu não estou no Caminho da Graça porque embora eu entenda que seja uma nova ordem institucional leve, é uma nova ordem institucional. E que se o Caio não vigiar o tempo todo, corre o risco grave de ser uma nova ordem institucional pendurada na pessoa dele. E qualquer coisa pendurada numa pessoa só é muito frágil. Porque nós somos apenas seres humanos.
Todos nós somos filhos de Deus. Disse o Apóstolo Paulo que Deus é Pai de todos, está em todos e age por todos. Então, todo mundo é igual. Só Jesus tem lugar de destaque.
Então... eu gosto muito do Caio, admiro, oro por ele, torço por ele, sou amigo dele e das pessoas que estão com ele, no que precisar de mim, contem comigo, mas... eu entendo que é apenas mais uma nova ordem institucional.
Ele decidiu lutar numa trincheira do lado de fora, eu decidi lutar na trincheira do lado de dentro. Ao invés de montar uma nova coisa, eu preferi ficar berrando aqui dentro. Ele decidiu compartilhar processos, e eu decidi compartilhar idéias.

Eu não faria isto que o Caio fez(mesmo que ninguém tenha perguntado nada) porque eu não tenho o tamanho do Caio.

Caio na minha opinião é o melhor de nós e ponto. E eu não vou com ele porque eu estou entendendo que é apenas mais uma ordem institucional.
E assim eu estou tentando ressuscitar a noção que está no credo apostólico, que é a comunhão dos santos.
Então ao compartilhar idéias ao invés de estabelecer um novo processo, eu estou tentando ser coerente com essa crença que está presente na "igreja" há dois mil anos: a comunhão dos santos. É preciso ressuscitar a comunhão dos santos. (ou seja, a preservação da "igreja")
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1º texto especifico no site:

CAMINHO DA GRAÇA: Instituição X Institucionalização

Muita gente pensa que criei uma denominação a um estilo evangélico light em razão do surgimento do “Caminho da Graça”. Mas não poderiam estar mais enganados em seus julgamentos.

Na realidade, como passei minha vida toda dizendo, instituições são entes impossíveis de não serem criados em qualquer que seja o ajuntamento humano.

Ajuntamento humano constante, freqüente, harmônico, coeso no mesmo objetivo e nas mesmas compreensões, inevitavelmente institui-se como um ente coletivo, seja qual for o elemento de sua junção — cultural, esportiva, espiritual, política, etc.

Assim, digo: pelo próprio compromisso com os conteúdos de sua identidade, pessoas que se encontram umas com as outras de modo comprometido e em razão de algo maior do que elas mesmas — fazem nascer uma instituição.

Reconhecimento e afinidade geram instituição.

Do mesmo modo instituição é fruto da convicção comum.

Aonde quer que pessoas se encontrem, e o façam em razão de uma convicção comum, ali há uma instituição, mesmo que seja nos encontros do bar da esquina.

Ora, nesse sentido, até este espaço virtual do meu site, pela convergência de milhares de pessoas que a ele se ligaram pela convicção, e em razão de cuja convergência veio a surgir naturalmente o Caminho da Graça — é também uma instituição.

Minha luta nunca foi contra a instituição; pois, tal luta é tão inglória e tola quanto correr da própria sombra.

Minha luta sempre foi contra a institucionalização.

A instituição é fruto do que é. Já a institucionalização põe o que é a serviço de algo que já não é, posto que apenas um dia foi.

Ora, o que é sempre tem primazia sobre o que foi, pois, o que é está existente e vivo hoje, e o que já foi não passa de uma referencia, mas já não deve determinar aquilo que agora se faz real.

O principio do Evangelho acerca do que se institui pela verdade da realidade e da necessidade, em contra partida àquilo que um dia foi, mas hoje já não é, nos é apresentado por Jesus por duas imagens — dos odres velhos e novos, e da veste velha e do pano novo.

Instituição é validada pela sua validade existencial, pela sua relevância, pelo seu significado real para a vida hoje.

Institucionalização é o esforço presente por manter o passado e suas regras humanas de ontem, válidas hoje, mesmo que ninguém consiga ver a sua significação.

Instituição é um ente vivo. Sim! Porque feito de gente!

Institucionalização é a ditadura dos defuntos.

Assim, o pano novo e o vinho novo correspondem à instituição do que é, do que é relevante, do que é necessário, e do que é verdadeiro e sincero com a realidade.

Do mesmo modo, a veste velha e o odre velho, com seu vinho velho, correspondem à institucionalização.

Jesus disse que era para não se tentar instituir o novo no velho instituído, pois, jamais haveria compatibilidade.

Se algo é novo em relação a algo que pela sua existência se torna velho, então é porque neles habita uma distinção de significado essencial.

Assim, a verdadeira instituição se converte à verdade e à realidade, se re-generando. E faz isto mediante o arrependimento que se manifesta como pertinência e capacidade de se transformar, revelando tal capacitação em cada novo encontro com a vida e com a realidade.

Já o que se faz instituído como algo fixo (institucionalização) deseja vestir para sempre os homens com as vestes de ontem, e almeja que cada nova geração goste do mesmo vinho produzido num ontem eterno. Assim, o que antes fora vinho novo, tendo sido condicionado por um odre de imutabilidade, pode hoje já não ser nada além de um vinagre.

Desse modo, digo: o Caminho da Graça é uma instituição pelo simples fato de milhares de pessoas — seja pelo site, seja em razão dos encontros nas dezenas de grupos e Estações — afirmarem sua convergência de convicção nas mesmas coisas, confessando harmonicamente os mesmos objetivos fundados no Evangelho, e, de modo relativo e secundário, expressos de forma atualizada nos conteúdos expressos neste site.

Entretanto, o principal conteúdo do Caminho da Graça é sua disposição de existir em metanóia permanente, no permanente encontro entre a Palavra e a existência.

Assim se espera que o processo não cesse jamais de se converter ao novo, conforme a revelação do Evangelho, o qual, é Palavra viva, e se re-atualiza a cada nova realidade ou geração.

Voltando ao assunto de eu estar criando uma denominação.

Na realidade, caso minha consciência não fosse como é, ou seja, filha da esperança de ver o Evangelho sendo experimentado em minha geração, já hoje, apenas pela via do site, o “Caminho da Graça” já teria centenas e centenas de grupos, com pastores de todas as denominações, com muitas propriedades, e até com seminário.

Por quê?

Ora, é que quase diariamente recebo propostas de todos os tipos, desde pastores desejosos de virem para o Caminho da Graça com suas comunidades, até aquelas de grupos de igrejas que desejariam se dissolver e ganhar a placa (o que jamais existirá) do “Caminho da Graça” nas portas de seus templos.

Eu, entretanto, digo a todos que não daria certo, pois, segundo o Evangelho, ninguém que tenha se acostumado ao vinho velho dirá que o novo é excelente.

Sim! É total perda de tempo, pois é como colocar remendo de pano novo em veste velha.

O trabalho de desconstrução dos vícios da religião velha não vale o esforço, segundo Jesus.

O Reino está aqui. Está à mão. Quem desejar, deixe o que tem, e siga o Evangelho.

Desse modo, o que digo é que o Caminho da Graça não é uma “denominação religiosa”, pois, apesar da inevitabilidade da instituição, nosso modo de ver e sentir a experiência da fé, não tem qualquer outra referencia absoluta senão o Evangelho em sua simplicidade, fugindo nós de tudo aquilo que signifique o emoldurarmento da experiência do tempo presente, evitando a tentação de que a experiência de hoje se torne perene nas formas e nos modelos quando estes já não forem pertinentes ou próprios em outra geração, tempo, ou realidade.

Hoje mesmo cada Estação do Caminho da Graça já tem sua identidade e modos próprios, conforme a cultura e sensibilidade das pessoas do lugar.

No Caminho da Graça as formas e modos são tão variáveis quanto variáveis são as realidades que culturalmente nos constituem.

Os odres e as vestes são circunstanciais e generacionais. O Evangelho é que nunca precisa mudar, nunca necessita ser adaptado aos sabores de novos conteúdos, posto que a essência da Palavra é imutável em seu espírito.

Assim, que ninguém veja o “Caminho da Graça” como uma nova denominação evangélica light, pois, no que nos diz respeito, buscamos o compromisso como uma forma permanente de mudança, conforme a Palavra e o Espírito nos convençam em relação à realidade de hoje ou de qualquer outro tempo posterior a este.

Para quem desejar mais detalhes, recomendo a leitura do livro de minha autoria intitulado “O Caminho da Graça Para Todos”. Quem desejar basta pedir na loja do site ou, então, pode escrever o nome acima no espaço de “Busca”, e, assim, achar o texto do livro, e que se encontra nos conteúdos deste site.

A Videira Verdadeira nos dá o vinho novo a cada nova geração. Cabe a nós ter a coragem de trazermos odres novos, assim como cabe a nós vencer a tentação do remendo de pano novo em veste velha.

O que se espera é que tão somente nos vistamos com a nova vestimenta, feita do pano novo da Graça de Deus em nossa geração.

Nele, que é o Evangelho imutável,

Caio

13/04/05

Lago Norte

Brasília

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2º texto especifico no site:

Passado o Engano, as pessoas começam a cair na real. Então, surgem muitas e muitas perguntas: O que faço? Para que igreja eu vou? Ainda existem igrejas boas? Onde elas estão?

Sim, ainda há boas igrejas e bons pastores.

A maioria, todavia, existe na obscuridade em razão de que se negaram a entrar no “esquemão evangélico”, espaço no qual se criam os grandes Shows de Fé, porém vazios do Evangelho.

Muitas dessas boas igrejas nem são “interessantes” como ajuntamento e nem sempre têm pastores “carismáticos”. Mas são honestas, sinceras, sérias, misericordiosas e capazes de lidar em amor e graça com a natureza humana.

Das chamadas igrejas grandes e institucionais que conheço no país, a mais aberta, sadia, amiga, sincera, pronta a acolher, bondosa, gentil, educada, e extremamente prática no trato da vida, é a Catedral Presbiteriana do Rio.

Para mim a Catedral é uma prova de que uma comunidade pode ter história—muita história por sinal—e não se deixar matar pelo peso das tradições e nem se deixar engolfar pelo culto a si mesma.

No entanto, tudo depende da liderança. E, sem dúvida, o pastorado do Reverendo Guilhermino Cunha é a razão de que aquela igreja seja hoje um dos lugares mais sadios do país para se freqüentar e criar os filhos.

Estou dizendo isto porque desejo deixar bem claro que não é a instituição que tem o poder de matar as coisas, mas sim o coração que se deixar fixar pelos limites da instituição, fazendo da existência dela um fim em si mesmo.

Uma instituição é sempre algo como o Sábado nas narrativas do Evangelho: pode ser dia de descanso ou pode ser dia de prisão e dia de juízo e morte.

Tudo depende de como se vê as coisas.

Simplificando: nenhuma instituição tem o poder de fazer mal quando os homens não se deixam instituir como função engessada dentro da instituição.

Ora, assim como o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado, assim também a instituição existe para servir o homem, e não o homem à instituição.

Toda instituição que existe para servir aos homens é boa e útil. Porém, quando ela demanda que os homens existam para mantê-la e servi-la, então, ela se torna demoníaca e instrumento do congelamento das almas humanas.

Ou seja: uma instituição só tem poder maléfico se os homens a servirem como algo que é superior à vida e a existência dos indivíduos.

Quando é assim, até o Templo de Jerusalém vira morada de demônios e gera para a escravidão.

Quem entende isso já andou mais da metade do caminho.

Caio

Copacabana

2005
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3º texto especifico no site:

"O caminho do cartório não institucionaliza o Caminho!"

Caio Fábio

Caio, meu pai na esperança que pousou no coração bem na hora que eu não tinha mais caminho a fazer,

Graça sobre Graça!

Fico impressionado, meu amigo, com os sentimentos que as palavras ‘estatuto’ e ‘instituição’ causam nas pessoas com quem tenho tido contato no "Caminho" pelos caminhos do Brasil. Alguns já chegam pedindo o estatuto, aí eu me assusto. Ops! Recuo. Não acho que nada natural comece pelo estatuto, muito menos algo que pretende tomar Forma ao sabor do Vento da Essência. Mas, depois que percebo que alguns já estão precisando manusear dinheiro alheio para se manter existindo como grupo reunido num lugar, então, com simplicidade e senso de ocasião, envio o bendito estatuto. E aí, eles que se assustam: “Como? O Caminho da Graça tem isso? Pronto! Era o que faltava! Virou Instituição! Ai meu Deus! Atolei em outra barca furada!”

Desse modo, sei que tem gente que simplesmente quer abrir outra igreja evangélica sob a insígnia do Caminho, e nesse caso, já chegam pedindo os papéis. E tem aqueles que, traumatizados pela experiência da Igreja Institucional, se arrepiam só de ler um simples estatuto civil, com medo da coisa toda se perder.

Portanto, pastor, eu pedi para o Valmir, do Caminho em Santos, transcrever umas palavras suas que ele gravou em Janeiro, durante um Café da Manhã que tivemos com os irmãos aqui na cobertura do meu prédio.

Elas são muito apropriadas para essa hora, e por isso tomo a liberdade de registrar aqui no site a íntegra delas (com sua licença).

Lembro-me de que ainda menino, meu pastor, que é muito querido, me presenteou com a Constituição da IPI do Brasil, num corredor escuro, como quem passa um bastão ou oferece uma arma, a fim de que eu soubesse me defender da “presbiterada” que nos encurralava... Olhei para aquele livrinho azul e pensei comigo: Nossa! Que vida ‘boa’ eu tenho aqui dentro! Antes eu decorava versículos para me defender do diabo, agora decoro artigos para me defender dos irmãos!

Um beijo no ombro, com muita saudade!

Marcelo
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Café com Caio – 26/01/2006

A questão colocada: “Na opinião dos sociólogos, com o passar do tempo, qualquer movimento acaba se institucionalizando". Então, pergunta-se: “O que acontecerá conosco no Caminho da Graça? Iremos passar por um processo de institucionalização, assim como acontece e aconteceu com a igreja?”

Resposta:

Inevitavelmente, os homens se instituem. A insegurança humana encontrou na instituição um ente que dá a eles extrema segurança. A garantia de que é uma coisa que o transcende, e o que de mais eterno ele consegue construir no tempo é: a instituição, o estado, o país, a instituição da justiça, do direito, da política. É esse argumento o tempo todo: “o tempo passa e as instituições ficam.”

Provavelmente, hoje a instituição mais antiga seja a Igreja Católica Romana, que é com certeza o último remanescente institucional do Império Romano. O Império Romano teria já acabado de todo, do ponto de vista histórico, se não fora o fato de que a Igreja Católica o mantém vivo. Ela é romana no direito canônico com o qual decide dogmas, doutrinas, todo herdado do direito romano. A geografia dela é em Roma; e a constitucionalização dela foi feita pelo imperador romano Constantino, ela mantém todas essas coisas.

Só estou dizendo isso como ilustração de que Roma como poder político acabou, mas houve uma instituição que o mantém vivo até hoje, com outra cara, com outra fisionomia, mas carregando a mesma história, a constitucionalidade do mesmo processo... A única e a última a representar que esse poder foi se esfacelando desde os primeiros miolos da fé da era cristã.

Respondendo a pergunta quanto a “...tudo se...” institucionalizar.

Quero dar o exemplo deste casal aqui a minha frente, recém-casados. Hoje eles não estão institucionalizados. Como eu sei disso? Ora, está na cara dela que ela ainda não é uma esposa. Ela é a sua mulher. Está na cara que ele não é assim, um Senhor Marido. Ele é o teu homem! Infelizmente os anos podem ir passando, ir passando e você que hoje diz “meu amor” daqui a pouco diz “bem”, daqui a um pouco diz: “...ei fulano!”, daqui a um pouco o chama de pai, ele a chama de mãe... Mas, vocês não foram lá ao cartório para institucionalizar esse amor e essa aliança. Se vocês foram num cartório, somente para dar uma garantia legal e social (que hoje a lei já garante pelo mero convívio), mas fizeram isto para ver se os demais instituíam para vocês dois, o que, para vocês, está instituído com amor, ternura, amizade, razão pela qual se amam. Isso é casamento segundo a sociedade.

Então, paradoxalmente, até essa coisa que é fruto do amor, da paixão, do desejo, do acolhimento, do valor estético, da beleza do outro, das trocas psicológicas, das carências, dos carinhos, dos devaneios de fantasias mútuas, das responsabilidades divididas, do espírito societário, solidário, santamemte bandido que um casal tem de se ajudar mutuamente de verdade, corre o risco de com o passar do tempo se institucionalizar. Aí o cara era o meu homem, passa a ser o pai dos meus filhos. A mulher que era a minha mulher passa a ser a mãe dos meus filhos. A mulher que eu queria com as minhas vísceras, agora eu quero muito bem, e ainda "a gente tem uma história tão longa e eu o quero tão bem, porque eu me acostumei a ele e ele a mim". E este é um processo de institucionalização que ninguém elegeu presbíteros na casa de vocês, e nem diáconos, nem bispos e veja como se institucionalizou!

Então, institucionalização nunca é um mal das entidades apenas, nunca é apenas aquilo que acontece aos entes inanimados que são donos de logotipos, de registro civil, de estatuto, ou seja, Instituição não pega só neste tipo de coisa, pega em tudo. Porque na coisa em si é que ela não pega. Porque a instituição só pode acontecer em gente, são as pessoas que projetam o que neles está instituído como algo que a instituição será sempre: A soma dos interesses e das divisões da média ponderada dos associados e dos interessados na manutenção desse ente! Mas ele em si, não é nada. Ela, a Instituição, não acorda e diz: bom dia, ela não te dá boa noite! Se o teu pai morrer, a instituição não te diz: sinto muito de todo coração. Se o teu filho nascer, ela não te aplaude. Agora se o teu filho morrer e ela for solidária, não foi ela que foi solidária, é porque tem gente lá dentro que se solidarizou. E ela não existe, só existem pessoas.

Portanto, o primeiro mito a se acabar é essa coisa de que se tiver CGC, conta bancária, um nome ou logotipo, virou uma instituição.

Um logotipo não vira instituição.
Razão social não vira instituição.
Conta bancária não vira instituição.
Só se torna instituição quando os idiotas que são os membros que compuseram isso aí, se empedram, se engessam e se fazem do seu estatutinho, da sua constituiçãozinha, da historinha daquele comecinho, daqueles fundadorezinhos, uma série de abraõezinhos, de izaquezinhos e jacozinhos, e da história deles uma história sagrada. É aí que eles se tornam verbos de Deus na instituição: “No princípio era EU, Deus estava comigo, e sem mim nada do que Deus tentou fazer foi feito”.

Então... este é o processo institucional que só não pega em poste de ferro, que só não dá em muralha de pedra, mas que dá em coração humano. Veja: a gente pode abrir uma firma, com razão social e garantir que ela nunca vai virar uma pedra. Sabe como? Bota ali aquele decreto do reino: “O reino é simples”, faz daquilo ali um decreto e não põe gente nenhuma ali dentro. Ninguém aparece, ninguém dá pitaco. Ela fica lá no cartório registrada e vocês vão vir daqui a uns mil anos, não mudou nada. Fica como está decretado, tudo direitinho. Agora bota gente aí para ver o que acontece! O cara de hoje não é o cara de amanhã... Por exemplo: Você menina, aqui na minha frente tem que idade? 17? Quando eu tinha 17 anos, eu pensava como quem tem 17. Quando cheguei a 23, pensava como quem tem 23. Quando cheguei a 30, me tornei um ser idoso com 138 anos. Quando cheguei aos 40, estava com uma saudade imensa da minha juventude. E hoje cheguei aos 50 com a certeza que tenho só 51 mesmo.

O que estou querendo dizer é simples: as instituições vão mudando na medida em que o viço dos 17 anos e a paixão podem se transformar subitamente numa fixação mandona, tirânica, de realeza cristã, de “eu estava lá desde o princípio, eu sou a pedra angular, isso foi erguido sobre o fundamento do meu apóstolo e dos nossos profetinhas”.

Aí se fizerem de mim, Caio, o evangelho, ferrados estão. Se fizerem do Marcelo, o evangelho, ferrados estão. Se fizerem do melhor momento da Estação daqui de Santos a referência a ser buscada para sempre, danados estão vocês.

Uma piadinha diz o seguinte: quando o Senhor Deus criou todas as coisas, foi tudo lindo e para Deus dizer que está tudo bom é que está um espetáculo, não é? É ele dizendo: Está muito bom, está bom demais, dá até samba... E quando acaba a criação toda, a serpente só estava lá picotando... vendo Deus dizer: Está muito bom, está bom demais. E nem o Senhor resistiu à tentação de ver emitida a opinião de terceiros. E aí chegou para a serpente e perguntou: O que você acha do que eu fiz? E ela falou: Está muito bom, está bom demais. Aí ele disse: É mesmo é? Ela diz: Só está faltando uma coisa. Deus pergunta: O quê? Ela responde: Porque o Senhor não institucionaliza esse negócio inteiro?

Mas, então, veja: a instituição só tem o poder de matar a vida, quando se rendeu à morte fixa e estática do que se está instituindo. Porque se o que está escrito ou instituído é apenas uma referência histórica para o momento de hoje, não é o teto, nem a parede, nem o chão do movimento, é apenas o tabernáculo da viagem, é apenas a tenda que se arma enquanto se caminha, é apenas a estação da jornada, e se cada um de nós souber o único poder de institucionalizar a coisa, é aquele que procede de nós e que esse é um poder simples. Ele não precisa ter um concílio reunido para se fazer instituir (no mal sentido), não precisa eleger presbíteros, diáconos, coisa nenhuma. Este grupo que está aqui pode virar uma porcaria se vocês quiserem, sem precisar eleger ninguém. Basta um coração se sentir superior, basta o cara achar que é dono de alguma coisa, basta alguém se sentir dono da casa, por pedigree, por histórico, um ser mais importante dos que os que forem chegando e basta que a minha vontade seja instituída como mandamento divino. Eu estou me referindo àquelas tentativas de ir fazendo pequenas leis que não são da palavra, que a gente vai chamando de sabedoria de início; depois muda: “É o nosso costume”, depois vai para: “É o nosso modo de ser.” Depois, quando os que começaram já não estão, a gente diz: “Não era assim que se fazia!” ou “Não podemos mudar como era”, “Se mudar nós perderemos a nossa identidade”. Como se eu tivesse perdido a minha identidade porque eu não sou igual ao meu pai.

Geração após geração o que se quer é que novas identidades apareçam, e não que se haja uma clonagem ou repetição das coisas debaixo do sol. Nem o sol se repete, nem o por do sol é o mesmo, nem a lua, que é redonda e nunca apareceu triangular, toda vez que chega. Agora nós temos essa fixação que é fruto da nossa insegurança, de tentar fazer com que algo bom do momento de hoje se cristalize, se engesse, para se tornar definitivo para sempre. Aí a catástrofe se institui e começa com um mover espiritual do coração de alguns, às vezes de alguém, ou quando se transforma numa coisa que recebeu adesão de um número maior, vira movimento. Aí depois que esse movimento anda um pouquinho mais, ele começa a se institucionalizar, nesse processo que eu citei aqui, com a gente dizendo: ”Nós é que sabemos, nós é que marcamos.” É a coisa do xixi do leão, que marca o território, e a institucionalização vai sendo feita da fixação dessa mentalidade, até que o mover vira um movimento e o movimento vira uma instituição que acaba transformando aquilo numa coisa que depois de alguns anos vira um mausoléu.

Concluindo a resposta: Nenhum de nós tem o poder pessoal de decidir quantas gerações à mais nós vamos servir na vida. Se, porventura, o que eu fiz até agora na minha vida e o que eu registrei das coisas que eu creio, vejo e sinto, se tornarem coisas importantes depois que eu não estiver mais aqui, e atingirem outras gerações, sinceramente falando, é um problema de Deus, porque eu não estarei aqui para saber. Então não é uma questão para o cara que já foi, e sim uma decisão divina, fazer com que aquilo que numa geração não tenha sido compreendido, somente uma outra lá na frente venha a ter mente suficiente para discernir o que está sendo dito naquela hora e os contemporâneos não estão compreendendo.

Voltando e usando o exemplo que eu dei de que nem mesmo se porventura alguma coisa do que eu fiz, disse, registrei ou escrevi, virá a ser algo com significado para as outras gerações, que faça bem a outras gerações. Aleluia! Mas eu não estou aqui visando isso e não posso viver de um futuro inexistente.

O único momento que me interessa e ao qual eu ministro é este. A geração que me concerne não é a que virá, é a que está! Assim como nestes 32 anos pregando a palavra, eu já vi muitas gerações mudarem. Pois, quando eu me converti a geração cristã era uma, 10 anos depois era outra, 10 anos depois era outra ainda. Hoje, todo dia eu encontro gente que se converteu de 1998 para cá, quando eu parei de pregar na grande mídia, e que nunca me viu na vida; o que para alguém que viveu os 30 anos anteriores é quase que inconcebível: ”Mas você não conhece esse cara?” Como se ficasse alguma coisa perpetuada ali, um holograma caiofabiano viajando pelo espaço... (Como se para) todo evangélico que se convertesse agora, chegasse aquele grilo falante dizendo: “Oi, eu sou o Caio! Não estou mais aqui, mas já estive, viu!" Não existe isso. Cada um marca sua hora e o tempo.

Então o compromisso do Caminho da Graça não é com a insconstitucionalização dele, jamais. O compromisso do Caminho da Graça é com a geração dele hoje. Mas sem nenhuma fobia institucional, porque o institucional é essencial. Ninguém paga água sem o institucional, ninguém paga luz, ninguém recebe dinheiro sem o institucional. Senão, vira tudo pessoal, a casa da mãe Joana. Então, para ser algo sério tem que ser institucional. Não pode ser a igreja do Caio, do Marcelo. Quem vai assumir isso não tem que ser dois compadres que decidem como as coisas acontecem. Para ser legal (legalizado), tem que ser instituição. Para poder ser legal, para ser auditável, para ser comunitário, para ser de todos conforme a constituição do momento e do tempo histórico do qual nós vivemos. Mas até aí tudo bem, porque eu tenho CPF, RG, título de eleitor, atestado de reservista, certidão de casamento, passaporte, toda essa porcaria e continuo não-institucional. Eu sou eu todo dia. Isso aqui (passaporte) me serve para mostrar para um guarda na fronteira. Passei a fronteira, entro num lugar que me convêm e boto ela no bolso que é o lugar dela, e sento em cima. O cara que viaja a primeira vez fica mostrando: Olha! Esse é o meu passaporte! No meu caso, esse é o meu 10º passaporte, não tem onde botar carimbo nessa droga. Agora tem gente que se pudesse, colocava o passaporte com todas as estampas na testa para todo mundo ver. Esse cara É a Instituição, porque ele não existe do momento, ele existe é da acumulação das supostas conquistas passadas que são dele e tem que ficar estatificadas, tem que virar coroa, vitrine, aquariozinho das memórias de Deus.

Então, em resumo, só não ficará institucionalizado se eles não virarem uns BABACAS! Mas se embabacarem, já era! Mas se mantiverem a alma no Evangelho, a consciência simples, andando no Senhor Jesus, tratando uns aos outros como irmãos, sem se impor uns aos outros, sem evocarem pedigree, sem dizer: “eu cheguei aqui primeiro, sem fazer conta de entrada nem de saída, sem ficar auditando uns aos outros, sem ficar fiscalizando uns aos outros, sem ficar impondo suas próprias decisões pessoais e particulares como sendo leis comunitárias para o outro. Se isso não acontecer não tem perigo nenhum!

E se mantiverem-se atualizadas e crescer, se tiverem o software da graça e do amor, rodando na mente e no coração, e a palavra eterna aqui na mente-coração, toda nova geração vai saber fazer atualização com a propriedade pertinente para servir a própria geração. Se depois que a gente partir, surgirem uns idiotas, e puserem uma placa lá na frente dizendo: “Caminho da Graça – Primeiro Movimento da Grande Reforma Anti-Reformada”, “ Estação Primeira de um Pingo (de Mangueira) de Santos” ou “Estação Segunda da Catedral de Brasília...” Aí, me desculpe, pelo amor de Deus, irmãos, acho que antes da ressurreição, eu levanto dos mortos para embolachar esses tais!

Caio
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4o texto especifico do site sobre o tema:

----- Original Message -----

From: AS ESTAÇÕES DO CAMINHO NÃO PODEM VIRAR “ESTACIONAMENTOS”?

To: 'contato@caiofabio.com'

Sent: Thursday, September 29, 2005 4:26 PM

Subject: PERDIDO E SEM CAMINHO

Olá Caio,

Estou em processo de desconstrução. É muito dolorido. Não sei o que será de mim. Não acredito mais nas instituições. Mas, sem elas, parece que estou sem chão, não sabendo como caminhar. Tenho duas filhas, uma de 7 anos, e outra de 11 anos. O que será delas? o que vou passar para elas? Minha esposa é minha "ouvidoria". Escuta minhas frustrações. Tem medo que eu desande, fique indiferente a tudo e caia no mundão. Concorda comigo, mas argumenta que se formos para outra "igreja" será a mesma coisa.

Um caminho... é tudo que preciso.

Será possível seguir o caminho sem um caminho institucionalizado?

Leio suas palavras sobre "igreja" x igreja e cada vez mais caminho para fora daquele caminho.

Leio coisas sobre "O Caminho da graça" e percebo uma tentativa de ser igreja e não "igreja".

Mas fico pensando... começou como um caminho, algo sempre em movimento. Agora estamos na estação do caminho, não será paradoxal?

Explico, estação dá idéia de parada, algo que está sendo erguido, uma estrutura com todos os seus conflitos de poder, por mais simples que seja. Em tese pode-se até fazer diferença entre Estação x "igreja", mas na prática será que isso é possível?.

No caminho não se projeta, não se constrói, não se ergue, apenas armamos e desarmamos tendas. No caminho nos misturamos, damos, recebemos e seguimos.

Será que é possível viver também assim?

Mas fico pensando, somos seres grupais. Cria-se grupo de tudo, dos sem-terra, dos divorciados, dos homo, dos hétero, dos solteirões, da meia-idade, dos "igreja", dos igreja, enfim, os semelhantes se atraem. Os discípulos do caminho vivem em grupos ou se misturam nos grupos? ou se excluem dos grupos e criam seus próprios grupos?

Será possível servir a Deus sem ir a "igreja"?

Um grande abraço.

Muito sucesso para você e que Deus realize os desejos do seu coração.

Jesaías
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Resposta:

Meu querido amigo e irmão: Graça e Paz!

Vejo que você está de fato em grande conflito, e que a desconstrução está sendo, na realidade, uma demolição ou implosão.

Primeiro, saiba que não estamos criando uma denominação. Somos, em alguns poucos lugares, um ‘pouso’ para quem pede. E, quando digo “somos”, apenas digo que os que se designam “do Caminho”, são apenas discípulos de Jesus que não se encontram tranqüilos nas instituições as quais chamamos “igreja”.

Ora, esses apenas se encontram em torno da mesma percepção do Evangelho. Ou seja: são apenas dois, ou três, ou mais, reunidos em Seu nome.

Quanto a “Estações” do Caminho, também desejo que saiba que estação é uma paragem para os peregrinos.

O Caminho não é ‘na’ Estação, é na estrada, é no mundo, é na vida, é na pluralidade da existência, é em meio a tudo e todos, é nas portas do inferno.

A “Estação” é um pouso rápido, é um pernoite; ou, no mundo moderno, nem mesmo isso; posto que “estar na estação”, num metrô, por exemplo, é coisa tão rápida que a pessoa quase nem chega a “estar”.

Não temos, todavia, a aflição das estações de metrô.

Preferimos as Estações das estradas andantes, antigas ou primitivas, nas quais a Estação era apenas uma “ramagem” na beira da estrada, onde também se paria o pão, mesmo entre estranhos. Ou apenas um lugar comum onde os peregrinos, os hebreus do caminho, se encontram.

Quanto ao senso de “grupo”, no Caminho ele não existe como tentativa de separação do mundo. Existe apenas o senso de unidade na fé, em meio à pluralidade das muitas expressões humanas.

Ou seja: o sal, para dar gosto e ser sentido, fazendo a diferença, tem que se ‘dissolver’ na terra, ou onde quer que seja posto.

Portanto, o ensino do Evangelho é para que nos dissolvamos na sociedade humana, em toda ela, dando gosto de Graça a tudo.

Além disso, não tenho compromisso com nada além do dia chamado Hoje.

A Igreja é de Deus. Deus é Deus. Ele cuida dela.

Assim, sirvo a Deus Hoje, e não vivo a neurose de como será amanhã. Não sofro dessa ansiedade.

Hoje, todavia, há milhares de filhos de Deus que andam dispersos porque as portas da “igreja” lhes estão cerradas; ou porque mesmo que estejam escancaradas, estão, todavia, encarrancadas.

Ou seja: não refletem a face de Cristo, em Graça e Misericórdia, mas sim a carranca dos fariseus e dos dráculas da religião sem Deus.

Quem está feliz onde está, deve ficar onde está.

Apenas proponho que os que parecem não caber em lugar nenhum, ou os que amam a Jesus, mas, justamente por isto, não suportam a “igreja” — conforme ela se tornou—, que não se sintam “desviados”, que não se tornem solitários, que não vivam como se Deus tivesse qualquer coisa a ver com essas confrarias de homens. E, sabendo disto, que se ajuntem, que se reúnam, que se encontrem, que fortaleçam-se na fé, mutuamente; e, sobretudo, que ensinem o Evangelho uns aos outros; e que saiam para a vida, para toda ela, por todo mundo, qualquer mundo, até os confins de qualquer fim de terra; e que indo, preguem, testemunhem com palavras e ações, e façam discípulos de Jesus; ensinando a eles que o lugar onde se serve a Deus é no mundo, e que o lugar chamado Igreja é qualquer lugar onde dois ou três se reúnam em Seu nome, até numa “Estação” do Caminho, ou qualquer estação, com ou sem nome, mas desde que seja um lugar de refrigério.

Quanto aos seus filhos, eles têm vocês. Ou você deseja transferir a responsabilidade de ensinar a Palavra aos seus filhos a uma escola dominical? No Caminho os pais ensinam os filhos e são os pastores dos próprios filhos. Embora, nas Estações, haja também ensinos e atividades para todas as faixas etárias; ou seja: para quem quiser.

Então, irmão, eu lhe digo: no Caminho, Estação é só um lugar de descanso e espera. É só pra tomar fôlego, para, então, se prosseguir na jornada.

Mas há certas coisas que só são provadas se são provadas, e se, assim, se fazem provadas; ainda que para alguns pareçam improváveis.

É bom, todavia, que se saiba que o Evangelho é apenas para gente que crê no impossível.

Saiba só uma coisa mais:

Eu já tomei atitudes deliberadas que puseram abaixo algo que muitos consideravam um império cristão importante para milhões; e isto porque eu senti que estava traindo o chamado de minha existência como homem. Assim, eu pergunto a você: Por que você acha que eu tenho dificuldade de acabar qualquer coisa que eu tenha ajudado a construir?

Não! Eu creio que tudo aquilo que vira um fim em si mesmo, precisa ser destruído. Sim, qualquer coisa; pois até a vida individual-consciente não se valida por si mesma, mas pela sua possibilidade de se relacionar com o próximo; servindo a Deus e ao próximo na vida.

Ou seja: no Caminho nada é erguido para ser um fim em si mesmo. Se assim for, bem-aventurado é todo aquele que o puser abaixo.

Afinal, é assim, ou deveria ser assim, com todas as coisas debaixo do sol. Receba todo meu carinho!

Nele, em Quem andamos em cada dia Chamado Hoje; hoje!

Caio

September 29, 2005 4:26 PM

Brasília

DF
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Afinal, comunhão dos santos não é média, é verdade em amor e graça; e mais: é encontro em torno de Jesus e de Jesus apenas. E, segundo me consta, nesse caso, a única instituição é aquela feita de dois ou três, que sinceramente se reúnam em Nome de Jesus.

O mais, você, meu mano Ari, sabe que não é verdade.

Por Amenidades da Cristandade

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1 comentários

Anônimo disse... @ 15 de julho de 2013 às 20:21

Todos nós devemos ser humildes e aceitar as criticas. Eu concordo com o Pr. Ari

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