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(Foto: Maria Augusta, que recebeu coração de Eloá -Reprodução foto de família)

SÃO PAULO - Cinco pessoas receberam nesta segunda sete órgãos doados pela família de Eloa Cristina Pimentel da Silva, de 15 anos.

Foram aproveitados o coração, os dois pulmões, o pâncreas, o fígado e os rins da garota. Entre os pacientes que ganharam órgãos de Eloa está uma menina de 12 anos, um garoto de 15 e uma moradora de São Bernardo, cidade vizinha a Santo André, onde ocorreu o seqüestro. As córneas ficaram armazenadas no Banco de Olhos da Santa Casa da capital.

As cirurgias para a remoção dos órgãos ocorreram na madrugada, entre 0h30 e 5h30m, no Centro Hospitalar Santo André, no ABC. A morte cerebral de Eloa foi confirmada às 23h30m de sábado, um dia após a jovem levar dois tiros do ex-namorado Lindemberg Fernandes Alves, de 22 anos, que a manteve refém por mais de 100 horas.

O coração de Eloa foi o primeiro órgão a sair do Centro Hospitalar de Santo André, por volta das 4h de ontem, transportado em uma ambulância do Hospital Beneficência Portuguesa. Meia hora depois, uma ambulância do Instituto do Coração (Incor) deixou o local levando os pulmões da jovem.

Maria Augusta dos Anjos, que completou 39 anos ontem, e sofria de cardiopatia desde o nascimento, recebeu o coração e está bem. Ela deve ser liberada em três semanas. Antes de seguir para a cirurgia, Maria Augusta despediu-se da família com um sorriso emocionado e jogou um beijo para o ar enquanto caminhava em direção à sala de cirurgia. Faltava cerca de uma hora para a meia-noite, para o seu aniversário de 39 anos.

- Eu não disse que Deus ia me dar um coração no dia do meu aniversário? - disse Augusta à sobrinha, a fisioterapeuta Jeanne Carla Teixeira Rodrigues, de 26 anos.

Evangélica, Maria Augusta havia rezado e pedido um coração de presente no dia do seu aniversário. E os familiares se surpreenderam com o cumprimento da profecia. Quando ela foi chamada ao hospital, havia cinco pacientes gravíssimos internados na UTI, à espera da mesma cirurgia. Porém, nenhum deles era compatível com o coração de Eloa. Somente Augusta.

Augusta nasceu com má-formação do coração e os médicos acreditavam que ela não viveria mais que sete anos. Nunca pôde ter uma vida normal. Não podia fazer atividades corriqueiras, como caminhar sozinha ou varrer a casa. Aos 22 anos, uma cirurgia amenizou o problema. Porém, nos dois últimos anos, sua saúde se agravou e, há um ano e meio, entrou na fila do transplante de coração.

- Estou feliz porque minha filha recebeu um coração de uma família de coração bom. Não tenho palavras para agradecer - disse, emocionado, Benedito dos Anjos, de 80 anos, pai de Preta.

O fígado de Eloa foi doado para uma menina de 12 anos moradora de São Paulo. O transplante durou mais 12 horas na Santa Casa, Centro da capital. Doente de hepatite auto-imune (reação contra os próprios tecidos), a menina entrou na fila por um fígado pela primeira vez em julho de 2005. Ela passava bem.

Em 11 horas de cirurgia, uma garota de 18 anos recebeu os dois pulmões de Eloá no Instituto do Coração (Incor). A transplantada vive em São Bernardo do Campo e é vítima de fibrose cística (doença que compromete a respiração). Ela esperava um doador há dois anos.

Um jovem de 25 anos, de Guarulhos, passou por um transplante duplo de pâncreas e rim no Beneficência Portuguesa. Ele tinha insuficiência renal.

À noite, no Hospital do Rim, um garoto recebeu o outro rim de Eloa. Ele estava há dois anos na fila do transplante.

Fonte: O Globo Online

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